sábado, 19 de novembro de 2011

Parceria Brasil-Alemanha faz motor a gas de esgoto

Muito em breve, a inovação em combustíveis alternativos virá com tudo para o Brasil. Segundo matéria publicada no G1, um projeto-piloto transforma o gás liberado no processo de tratamento de esgoto em combustível para automóveis com o objetivo de diminuir o consumo de petróleo e reduzir as emissões de dióxido de carbono na atmosfera, mas poderá ser usado para alimentar geradores de energia elétrica, substituindo os que são alimentados com diesel, por exemplo.
Graças a um convênio entre instituições públicas do Brasil e Alemanha, o investimento  do motor a gás de esgoto, estimado em R$ 6 milhões, poderá ser implantado pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) na cidade de Franca, no interior da cidade de São Paulo.

A técnica de transformação do biogás de esgoto em combustível já ocorre em outras cidades do mundo e na Alemanha já existe há 15 anos, direcionando o biogás para a produção de energia elétrica, o que será diferente aqui no Brasil.
Uma frota de 49 veículos será abastecida com o novo combustível proveniente do gás de esgoto e que será responsável por uma economia de 1.800 litros de gasolina por dia e redução nas emissões de CO2, sem falar que a substituição representará uma economia de 10% do consumo atual de gasolina e álcool. Anualmente, haverá a redução de aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de dióxido de carbono com o reaproveitamento do gás.

Greenpeace lança nova edição do guia dos eletrônicos verdes

O Greenpeace lançou neste mês mais uma versão do “Guia dos Eletrônicos Verdes”, um ranking que avalia o desempenho ambiental das principais empresas de tecnologia do mundo. Apesar da espera de mais de um ano por uma nova edição, o público foi recompensado com um relatório mais rigoroso, com novos critérios de avaliação.
Dividido em três grandes temas – “Energia & Clima”, “Produtos mais verdes” e “Operações Sustentáveis”, o Guia tem como objetivo verificar se as metas ambientais prometidas pelas empresas estão de fato sendo cumpridas. Essas metas estão relacionadas com a redução de emissões de carbono, a retirada de produtos tóxicos dos aparelhos, o uso de energia limpa na produção, o ciclo de vida dos componentes e as práticas de reciclagem adotadas, entre outras.
A 17ª edição avaliou os esforços de 15 marcas. As companhias que tiveram o pior desempenho, com pontuação abaixo de 3 (de um total de 10), foram Lenovo, Panasonic, Sony, Sharp, Acer, LG Eletronics, Toshiba e a RIM (Blackberry), a pior de todas.
A HP foi considerada a empresa mais verde, com 5,9 pontos. Comparado com o último resultado, do ano passado, a HP melhorou três posições, enquanto a Nokia, que liderava o ranking desde 2008, agora está em terceiro lugar. “HP e Dell são as únicas empresas no guia que efetivamente excluíram fornecedores de papel ligados a práticas ilegais de desmatamento. Junto com a Apple, a HP é uma empresa que fica na frente por suas políticas e práticas com minerais”, diz o Guia.
A Apple, fornecedora da Greenstore  de produtos com as maiores características sustentáveis, ganhou destaque por sair da nona posição e ocupar agora o quarto lugar do ranking. Esse grande salto é resultado de melhorias em seus equipamentos e também no empenho em dar destinação correta aos aparelhos que ela produz. Segundo o Greenpeace, a empresa mantém ou participa de programas de reciclagem em 95% dos países onde seus produtos são vendidos. Nos Estados Unidos, quem retorna um aparelho da marca em boas condições para ser usado por outros ganha um cupom promocional que dá desconto na compra de um novo produto da Apple.
Em entrevista ao Guardian, o ativista do Greenpeace, Tom Dowdall , defende que apesar dos resultados “todas as empresas que integram o ranking têm a oportunidade de demonstrar uma maior liderança em reduzir o seu impacto ambiental”. E quem ganha com isso somos nós, consumidores, que temos ao nosso alcance uma ferramenta indispensável para ajudar a escolher com consciência, produtos de empresas que apostam em responsabilidade ambiental!

sábado, 12 de novembro de 2011

Despoluir água com casca de banana?

As toneladas de casca de banana jogadas no lixo pelos brasileiros, ajudando na superlotação dos aterros, podem ter um destino muito mais nobre: a despoluição da água contaminada pelas indústrias por metais pesados. Foi o que descobriu, em sua tese de mestrado, a química paulista Milena Boniolo, que agora procura pequenas empresas dispostas a aplicar a técnica

Pesquisa realizada neste ano, pela Fundação SOS Mata Atlântica, apontou que, atualmente, todos os cursos d’água do Brasil estão poluídos, entre outros resíduos, por conta dos metais pesados jogados na água pelas indústrias do país (saiba mais em: Todos os cursos d'água do país estão poluídos). A situação não é boa e, ironicamente, podemos estar jogando fora, todos os dias, toneladas de um dos resíduos mais promissores no processo de despoluição da água contaminada por efluentes radioativos: a casca da banana.

A descoberta foi feita pela química brasileira Milena Boniolo, especialista em tratamento de águas residuárias, que garante que, além de ser uma alternativa ao desperdício de alimentos no país, o uso da casca da banana para livrar a água de metais pesados é uma das opções mais viáveis e baratas para as indústrias nacionais

Por que a casca da banana pode ser usada na despoluição da água contaminada por efluentes radioativos?
Esta foi uma descoberta que fiz na época em que trabalhava no Ipen - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, da USP. Eu sempre me dediquei ao estudo de soluções que visassem à descontaminação da água, porque me interessava em buscar caminhos para tentar reverter este mal que o próprio homem, e ninguém além dele, está causando ao planeta e que pode ter consequências bem desastrosas. No entanto, todas as soluções que encontrava para o problema da poluição da água por efluentes radioativos - como as nanopartículas, por exemplo - eram caras e, por isso, não via chances de popularizá-las no país. Até que, em um dos meus experimentos, fiz uma farofa de casca de banana e percebi que, ao jogá-la na água, ela atraia para si os metais pesados presentes no recurso. A descoberta me fascinou, tanto que virou tema do meu mestrado, e ao investigar melhor o fenômeno, descobri que a reação química acontecia porque a casca da banana possui moléculas de carga negativa que atraem para si substâncias carregadas positivamente, como os metais pesados.

Mas por que você escolheu a banana como base da sua pesquisa?
Foi uma sucessão de coincidências. Fiquei sabendo a respeito de alguns trabalhos na Índia que utilizavam a palha do arroz - um alimento muito comum no país - para remover o corante da água. Depois disso, comecei a refletir: "O que tem na minha mesa, qual é a comida que não é aproveitada 100% no meu país e que pode ser usada na descontaminação da água?". Foi, então, que assisti na TV a uma reportagem sobre o desperdício de alimentos, com dados de 2008, que dizia que, todos os dias, apenas na Grande São Paulo, quatro toneladas de casca de banana são jogadas no lixo. Era a solução sustentável que eu procurava, porque, além de resolver o problema da contaminação da água por metais pesados, ela agrega valor a algo que consideramos lixo, sem ser, e que ajuda a lotar ainda mais nossos aterros sanitários.

Qual o passo a passo do processo de descontaminação da água com cascas de banana?
O processo é simples. Para potencializar as propriedades da casca da banana é preciso deixá-la exposta ao sol por dias e, em seguida, triturá-la e peneirá-la. A farofa que se forma é colocada na água para atrair para si os metais pesados. O foco do meu estudo foi o urânio, já que entre os objetivos do Ipen estão as pesquisas nucleares, mas a casca de banana também é capaz de atrair da água outros metais pesados que impactam a saúde humana e o meio ambiente, como o cádmio, o níquel e o chumbo

E o que é feito com a farofa de casca de banana após a despoluição da água? O processo gera algum tipo de resíduo?
Todo o metal é indestrutível. Em alguns casos, é possível, apenas, gerar subprodutos a partir dele, mas nunca destruí-lo. O objetivo da minha pesquisa é transferir o metal de lugar. Ao concentrá-lo na casca da banana, consigo tirá-lo da água. Em seguida, faço o processo contrário, chamado de dessorção, que se caracteriza por um banho de ácido, na farofa de banana, para separá-la dos metais pesados. Feito isso, esses elementos podem ser usados em outros processos químicos e a farofa de banana, reutilizada para a mesma função: a descontaminação da água. No entanto, eu ainda não sei quantas vezes ela pode ser usada até perder a função de despoluidora. Esse será o assunto da minha tese de doutorado.

Por enquanto, a sua técnica foi aplicada, apenas, em laboratório. O que falta para aplicá-la em maior escala?
O objetivo da pesquisa não é tratar a água para deixá-la boa para consumo, mas sim ajudar as indústrias a descontaminar o recurso que poluem, antes de devolvê-lo ao meio ambiente, a partir de uma alternativa de baixo custo, bem brasileira, que não se assemelha em nada com as caras tecnologias importadas do exterior para este fim. Por isso, o que falta para aplicar a técnica em grande escala é uma empresa nova, disposta a implantar o processo, que dura cerca de dois anos, desde o início. Por enquanto, todas as indústrias que me procuraram já têm um passivo ambiental, ou seja, já poluem a água e, portanto, começar por elas é inviável, porque já são casos mais extremos e urgentes.

Quais as consequências da água contaminada por metais pesados para a saúde humana?
Os metais pesados são bioacumuladores, o que significa que eles não saem do nosso corpo, quando são ingeridos. Eles, apenas, se acumulam, podendo causar problemas de saúde que vão desde intoxicação e problemas neurológicos até casos de câncer, que podem levar a morte. O caso de alguns metais pesados classificados como biomagnificantes - o mercúrio, por exemplo - é ainda mais grave, porque suas propriedades se potencializam na medida em que vai sendo ingerido por organismos vivos. Isto é, se como um peixe que está contaminado, o mercúrio fará mais mal a mim do que fez a ele, porque quanto maior o nível da cadeia alimentar, pior os estragos que ele faz no organismo. O homem, por estar no topo dessa cadeia, é o mais afetado por esses metais pesados biomagnificantes.

E quais os malefícios que essa água poluída com metais pesados causa ao meio ambiente?
Muitos, mas entre os mais graves estão a perda da biodiversidade e dos serviços ambientais prestados pelos corpos d’água aos seres vivos. Participei de um congresso na Califórnia em que especialistas disseram que, atualmente, 40% dos rios da China já não têm mais nenhuma utilidade ambiental, porque estão contaminados, em um nível irreversível, por metais pesados. Eles são usados para navegação, mas nada além disso, porque, se qualquer ser vivo entrar em contato com essa água, sua saúde corre sérios riscos. Ou seja, os rios chineses são hoje meras paisagens e esse cenário pode se repetir em qualquer país que não der a devida importância à questão da contaminação da água por metais pesados, inclusive no Brasil. 

Avanços em bioenergia

Na FAPESP Week, pesquisadores brasileiros discutiram os recentes avanços científicos e tecnológicos e as perspectivas para a produção sustentável de biocombustíveis no mundo

A Bioenergia foi o tema de uma das sessões do simpósio FAPESP Week, encerrado na quarta-feira (26/10) em Washington, Estados Unidos, na qual pesquisadores brasileiros discutiram os recentes avanços científicos e tecnológicos e as perspectivas para a produção sustentável de biocombustíveis no mundo.

Glaucia Souza, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, apresentou resultados do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), do qual é um dos membros da coordenação. O objetivo do programa, segundo ela, é articular atividades de pesquisa e desenvolvimento em laboratórios e empresas para promover o avanço do conhecimento e sua aplicação na produção sustentável de energia a partir do etanol de cana-de-açúcar.

Em sua apresentação, Souza relatou a estrutura e divisões do programa, além de objetivos e resultados de alguns dos 56 projetos de pesquisa em andamento. A pesquisadora destacou a capacidade e resistência dos atuais cultivares para produção de alimentos e energia a custos compatíveis e o balanço energético positivo e baixa emissão de gases de efeito estufa das atuais variedades de cana.

Uma indústria bem desenvolvida no Brasil, segundo a pesquisadora, beneficia-se da produção de 80 toneladas de cana por hectare plantado, com uma produção de 28 bilhões de litros de etanol em 400 usinas instaladas no país. Souza ressaltou ainda que 47% da matriz energética brasileira é renovável. Em países em desenvolvimento é de 13% e cerca de 8% em países desenvolvidos.

A divisão de biomassa do programa trata da rota tecnológica da produção de biocombustível pela aplicação de técnicas de biologia molecular para aumentar a produtividade da cana. Segundo a professora, da forma como é possível fazer esse trabalho hoje, seriam necessários 12 anos para se chegar a essa variedade de alta produção.

"O que queremos é acelerar esse processo por meio da rota transgênica, usando marcadores moleculares", disse Souza. Os projetos nessa divisão, segundo ela, estudam variedades de cana, fazem o sequenciamento do genoma da cana, e desenvolvem algoritimos para entender a complexidade do processo de geração de novas variedades, entre outros temas.

PERSPECTIVA DA INDÚSTRIACarlos Calmanovici, da ETH Bioenergia destacou o recente acordo firmado com a FAPESP e a criação de um Centro de pesquisa e desenvolvimento na empresa como uma oportunidade de desenvolvimento. A empresa possui duas usinas no Brasil e pretende colocar outras sete em operação para chegar a uma capacidade de produzir tês bilhões de litros de etanol até 14 milhões de litros de etanol até 2013.

Em sua apresentação, Fernanda Gandara, da Synthetic Genomics relatou o trabalho da companhia para desenvolver processos para síntese de produtos de interesse por meio da alteração do genoma de microrganismos.

"Estamos manipulando o genoma de leveduras e alga fotossintética para que elas realizem as funções que desejamos. A partir de fontes diferentes de carbono, como biomassa de plantas ou dióxido de carbono, esses organismos transformam o carbono absorvido em produtos de maior valor agregado, como, produtos químicos, biocombustíveis ou novas fontes de alimentos ou fármacos"

Celular: inimigo do consumo consciente

Seduzidos pelas tecnologias dos novos modelos de celular, trocamos de aparelho com uma rapidez incrível, sem nos dar conta dos impactos que sua fabricação e descarte causam para o meio ambiente e, também, para nossa saúde. Esse é o tema da nova animação do Akatu Mirim
No Brasil, apenas em 2011, mais de 210 milhões de aparelhos celulares foram ativados. O número é maior do que a população inteira do país, que atualmente está em torno de 190 milhões - e o ano ainda nem acabou! -, o que comprova que tem muito brasileiro por aí usando mais de um celular e/ou trocando de modelo mais de uma vez por ano. Será que esse consumo exagerado é mesmo necessário?

Claro que não! O aparelho celular é importante para nos comunicarmos com nossos amigos e familiares quando estamos na rua - e, no caso dos adultos, pode ser um instrumento de trabalho muito útil -, mas não há necessidade alguma de trocar um aparelho que está em perfeito funcionamento por outro modelo mais novo, só porque, entre outros motivos, sua câmera fotográfica tem uma resolução maior, certo?

Este é o tema da nova animação do portal Akatu Mirim*, que pretende alertar todos nós a respeito da importância do consumo consciente de celulares - e, também, de outros aparelhos eletrônicos, como TVs, computadores e videogames.

Isso porque a fabricação desses produtos consome uma porção de recursos naturais - como água, petróleo, cobre e zinco - que, se consumidos em excesso e de forma desnecessária pelo homem, acabarão e farão muita falta aos seres vivos. Além disso, o descarte dos celulares também causa impactos para o meio ambiente e para a nossa saúde: eles ocupam espaço nos aterros sanitários e, ainda, contaminam o solo e a água.

Por isso, é muito importante que você pense bem antes de pedir outro celular aos seus pais. Será que você precisa, mesmo, de um novo aparelho? E, se a compra for realmente inevitável, não deixe de descartar seu celular antigo de forma correta: leve-o a um posto de coleta especializado em sua reciclagem.
 

Variedade africana de rinoceronte é considerada extinta

Uma atualização da chamada lista vermelha das espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) tornou oficial a extinção do rinoceronte-negro-do-oeste (Diceros bicornis longipes).
Essa subespécie de rinoceronte-negro ultimamente só era encontrada em Camarões. No entanto, em 2006, quando se fez a última grande busca pelo animal na natureza, nenhum exemplar foi encontrado e, desde então, jamais se voltou a ver.
Seu primo, o rinoceronte-branco-do-norte (Ceratotherium simum cottoni) também está seriamente em risco, e aparece na categoria “possivelmente extinto na natureza”. O rinoceronte-javanês (Rhinoceros sondaicus) segue pelo mesmo caminho.
Mamíferos em risco – A IUCN monitora o estado de conservação de 61.900 espécies. Ela informa que 25% dos mamíferos do planeta estão ameaçados. Medidas de proteção poderiam salvar as espécies do desaparecimento.
Um exemplo de sucesso desse tipo de iniciativa é o rinoceronte-branco-do-sul (Ceratotherium simum simum), que, graças a políticas de conservação, viu sua população aumentar de menos de 100 animais no fim do século 19, para mais de 20 mil, atualmente.
O cavalo-de-Przewalski (Equus ferus przewalskii), tido como extinto em 1996, já tem uma população de mais de 300 espécimes, graças a um programa de reprodução. (Fonte: Globo Natureza)