segunda-feira, 30 de maio de 2011

Alemanha sai na frente e coloca nuclear pra trás


A Alemanha é, oficialmente, a primeira grande nação industrializada a ter um plano de abolir energia nuclear do seu território. A data para o fim de uma era de insegurança foi estipulada na madrugada de domingo, dia 29 de maio, por decisão da coalização de governo da chanceler Ângela Merkel: até 2022 não haverá mais reatores em seu país.

“Queremos que o futuro da nossa energia seja seguro e economicamente viável”, afirmou Merkel a repórteres. “Precisamos seguir um novo caminho”, complementou.

A decisão veio na rebarba dos acidentes em Fukushima, no Japão, que deixaram explícita a vulnerabilidade de um dos países mais avançados tecnologicamente do mundo frente aos perigos da energia nuclear. O povo alemão, que colocou nas urnas seu descontentamento com a política nuclear que Merkel estimulava, exerceu forte pressão em prol da decisão.

São 17 usinas nucleares na Alemanha, das quais sete já haviam sido fechados temporariamente após o incidente em Fukushima. Estas permanecerão inativas. As restantes se desligam nos próximos anos, sem cláusula de revisão. Juntas, as 17 usinas produziam menos de ¼ da energia alemã. Renováveis eram responsáveis por 17%, mas os planos são de expandir este valor para 50%.

“A Alemanha acaba de mostrar que bastam visão e vontade política para livrar um país dos riscos da energia nuclear, fonte que além de tudo é cara, suja e extremamente ultrapassada”, afirmou Jan Beranek, coordenador da Campanha Internacional de Nuclear do Greenpeace. “Japão, Suíça e Itália também já começaram a revisar suas políticas nucleares. Qualquer país que assim o quiser, pode fazer o mesmo”, concluiu.

O recado parece dado para o Brasil. Com a decisão, afastam-se as possibilidades da Alemanha vir a honrar com o compromisso antigo de financiamento do projeto nuclear brasileiro. Dilma chorou por ele quando da visita do presidente alemão Christian Wulff ao Brasil. A resposta não foi animadora da parte alemã. Angra 3 ainda depende deste dinheiro – R$ 3 bilhões – e o BNDES, responsável pelo restante, já mandou avisar que se a grana não sair, vai botar a conta no bolso do consumidor.

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