quarta-feira, 18 de maio de 2011

Carga de urânio altamente radioativa aguarda destinação estacionada em delegacia do interior da Bahia.

O material veio de São Paulo, mas não apresentou autorização oficial de transporte
Greenpeace testemunha carregamento radioativo de urânio estacionado em delegacia do interior da Bahia.

Nove caminhões carregados de material radioativo estacionados no pátio de uma delegacia no interior da Bahia aguardam indefinidamente um rumo. Este é o cenário desolador do caótico programa nuclear brasileiro. O comboio veio de São Paulo, tentou entrar no município de Caetité (BA) na noite do dia 15 de maio e foi rejeitado pela população, que aguardava em vigília. Até o momento, nenhuma autorização de transporte foi apresentada pelos órgãos responsáveis.

Segundo a Indústria Nuclear do Brasil (INB), o comboio com cem toneladas de urânio saiu de uma reserva da marinha em Iperó (SP) para ser embalado em Caetité, única cidade do país onde há minas de urânio, e depois enviado para fora do país. Mas o tal carregamento está rodeado de incertezas: Não há provas de que não se trate de lixo radioativo e, até o momento, não se viu a cara de qualquer autorização do IBAMA para o transporte de uma carga letal que percorreu cerca de 1500 km por estradas brasileiras.

O clima em Caetité é de apreensão total. O Greenpeace esteve na delegacia onde repousam os caminhões, em Guanambi, a 30 km de Caetité, e o comando principal do batalhão pouco sabe sobre o elefante branco que está em seu pátio. O mesmo vale para a população, que exige a retirada imediata do material. Originalmente, o comboio tinha 13 veículos, dos quais 4 provavelmente conseguiram entrar na sede da INB.

“O episódio revela a falta de governança do programa nuclear brasileiro. Primeiro, um grande carregamento de material altamente tóxico empreende uma jornada pelas rodovias brasileiras sem autorização clara de transporte. É levada para uma cidade que rejeita o material e agora é mantida exposta a céu aberto no pátio de uma delegacia, colocando em risco a população”, diz Pedro Torres, da Campanha de Energia do Greenpeace.



Padre Osvaldino, liderança local convidada pela prefeitura a participar de audiência com a INB sobre o caso esta manhã, acredita que a tática da Indústria Nuclear é a de vencer a população pelo cansaço. “As pessoas não podem ficar em vigília por muito tempo para evitar que a carga saia do lugar”, diz. O Greenpeace foi barrado na porta da audiência.. O impasse – leia-se, a carga radioativa - permanece pelo menos até amanhã, dia 18 de maio, quando as negociações entre prefeitura, INB e representantes da população local recomeçarem.

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